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segunda-feira, 18 de julho de 2011

UMA EXPERIÊNCIA NA ALIMENTAÇÃO DE FILHOTES DE CANÁRIOS FRISADOS PARISIENSE


Revista CPCCF Junho/2004
Arquivo Editado em 20/09/2004
Com estas poucas palavras, iremos relatar   uma   experiência   que desenvolvemos em nosso criatório de Canários Frisados Parisienses, na temporada de 2003, entre os meses de Setembro a Dezembro, período que corresponde ao de criação de canários aqui no Brasil.
Um  dos  maiores  problemas encontrados pela maioria dos criadores de canários de porte e em especial nos de Frisados Parisienses de maior porte, é a alimentação dos filhotes na fase que eles necessitam ser alimentados diretamente no bico. Uma vez que estes canários têm fama de não serem bons criadores de filhotes, gerando ao final da temporada, um baixo número de filhotes criados por casal.
Uma alternativa para os criadores é optar pela utilização de amas-secas, para almejarem sucesso em suas criações. Esta prática permite liberar os casais frisados logo após a postura, ficando atarefa de incubar os ovos e alimentar os filhotes para as amas, mas por outro lado, aumenta o custo de criação, pela necessidade de maior número de casais, onde geralmente são utilizados três a quatro casais de amas, para cada casal de frisado.
A utilização de amas resolve em parte o problema da criação de filhotes, pois com o aprimoramento genético cada vez maior dos canários, seu instinto de procriação vem diminuindo significativamente, tornando-se imperativo que os criadores procurem exaustivamente canários que sejam bons alimentadores de filhotes. Os canários conhecidos como comuns, pindorgas, vermelhos, gloster entre outros, têm sido os preferidos para esta tarefa, mas mesmo eles, às vezes necessitam de ajuda dos tratadores nos três primeiros dias de vida dos filhotes, que são alimentados artificialmente diretamente no bico, com a utilização de papinhas.
Temos nestes últimos anos, lançado mão de diversas marcas de papinhas, inclusive às importadas, obtendo resultados diversos, às vezes promissores e em outras nem tão animadores.
Há um grande número de morte de filhotes nos primeiros dias de vida, atribuídos na maioria das vezes, como sendo devido às doenças, mas na realidade estas mortes são originadas por deficiência na alimentação, que leva os filhotes à desidratação,     inanição     com enfraquecimento geral, tornando até mesmo a alimentação artificial impossível, pois eles não têm força para levantar a cabeça e abrir o  bico, tendo como conseqüência final à morte de um elevado número de filhotes.
Em todos estes anos de experiência na criação de canários frisados, sempre procuramos fazer uma comparação entre a forma de alimentação de nossa criação e o comportamento dos pássaros silvestres, quanto à alimentação de seus filhotes. Eles utilizam sementes, frutas e principalmente insetos e minhocas, que tem na composição de seus corpos uma elevada porcentagem de proteína para alimentarem seus proles, obtendo um sucesso espetacular, onde os filhotes silvestres abandonam os ninhos de 13 para 14 dias de vida, enquanto nossos canários levam mais de 20 dias, devido ao seu crescimento lento e de forma desigual.
Os filhotes silvestres apresentam um aspecto morfológico de desenvolvimento, muito melhor que os de nossos canários, que são alimentados com diversos tipos de sementes, verduras, ovos e rações das mais variadas origens e preços, que às vezes são até  exorbitantes, não levando ao desejado da criação.
Sempre pensei em adicionar algo na alimentação dos filhotes, que fosse semelhante aos alimentos silvestres, como insetos que tem alto valor protéico, mas esta prática é muito complicada, haja vista, que haveria necessidade de termos uma criação de insetos paralela a de canários, situação impossível principalmente para os criadores que não são aposentados, tendo que conciliar o trabalho com as atividades de uma criação.
Em 2003, durante o campeonato Brasileiro em Florianópolis, tomamos conhecimento, através de trocas de experiências com outros criadores, quando tivemos a grata surpresa de ouvir falar da utilização de farinha de minhoca, adicionada à alimentação de Periquitos Australianos padrão inglês. Nos foi relatado que os resultados obtidos foram à redução da taxa de mortalidade para próximo de zero e o tempo de aninhamento dos filhotes diminuído em dois a três dias.
Isto nos fez pensar em aplicar o mesmo sistema na criação de frisados parisienses e verificar se haveria diminuição nos índices de mortalidade em nossa experiência, quando comparamos aos dos anos anteriores.
Na experiência de nosso amigo  de Florianópolis, era adicionado à farinha dos periquitos, 30g de farinha de minhoca para cada quilograma de farinha seca, que era umedecida na hora da  distribuição aos pássaros.
A farinha de minhocas tem mais de 60% de proteínas e é produto de origem animal, que geralmente apresenta um grau de digestibilidade para os animais  onívoros e os ancestrais de nossos canários quando da vida silvestre, tinham este tipo de hábito alimentar. Esta farinha vem de encontro ao comportamento das aves silvestre, que alimentam seus filhotes com insetos, que tem a maior parte do corpo formada por proteínas, daí o grande desenvolvimento apresentado por seus  filhotes.
Quando iniciamos nossa temporada de criação em Setembro de 2003, resolvemos introduzir a farinha de minhoca na criação, na proporção de 30g por kg de farinhada, somente para as amas-seca e filhotes. Já
na papinha que era utilizada para a alimentação feita diretamente no bico dos filhotes, utilizamos 50% de farinha de minhoca e 50% da papinha, portanto em partes iguais, onde adicionamos água até formar uma mistura semilíquida, para permitir melhor ingestão pêlos filhotes.
Esta mistura era feita na hora de alimentar os filhotes, desprezando-se as sobras para evitar um possível processo de fermentação, que com certeza, levaria a sérios problemas digestivos aos filhotes.
Nossas primeiras observações, foram feitas quanto aos aspectos gerais dos filhotes, eles apresentavam um crescimento uniforme e maior que o ocorrido nos anos anteriores, ao menor movimento ficam ativos, abrindo o bico pedindo comida, a pele era lisa, esticada e brilhante, pernas grossas sem sinais de desidratação e a mucosa da boca de coloração bem vermelha, mesmo sendo canários que não recebem pigmento vermelho na alimentação.
O número de dias para o anilhamento de nossos frisados foi reduzido de nove a dez dias, para sete a oito, pelo fato dos filhotes apresentarem um maior crescimento e menor grau de desidratação,
ficando com as pernas mais grossas e fortes.
Ao final de nossa estação de criação em Dezembro de 2003, chegamos ao sensacional índice de mortalidade igual a ZERO. Fato que nunca havia ocorrido em todos os anos anteriores de  experiências, que tivemos na criação de canários frisados parisienses.Frente a estes resultados, pensamos em continuar na próxima
temporada de criação de 2004, nossa experiência e porque não tentar aprimorar sua utilização.
Lembramos aos leitores, que nossa experiência foi feita em apenas  um período de criação, havendo  necessidade de obtermos maiores informações sobre o assunto, talvez aprimorar o percentual farinha de minhoca na mistura de farinha e na papinha, mas temos certeza que estamos trilhando por um caminho certo, com boas perspectivas para aprimorar ainda mais a criação de filhotes de canários, almejando índices de mortalidade muito próximo de zero.
Torna-se evidente lembrar que para termos sucesso em nossas criações a alimentação não é fator único, devendo tomar todos os cuidados com a genética, sanidade, manejo e uma grande dose de
dedicação, para se conseguir melhores resultados.
Esperamos que esta nossa simples experiência, seja o caminho para novas observações e aprimoramento deste maravilhoso roby, que é a exuberante e diversificada criação de canários existente em nosso querido Brasil.

Ágata Topázio